A Justiça considera que a prisão de Bruno é necessária para garantir a instrução do inquérito, assegurar a integridade das 'vítimas sobreviventes' (a ex-namorada e os pais dela), e garantir eventual aplicação da lei.
Bruno não aceitava o fim do namoro. Os dois ficaram juntos por dois anos, mas o relacionamento teria chegado ao fim no dia 1º de novembro.
Duas semanas depois, segundo a investigação, Andrade Lima quebrou o vidro da portaria do prédio onde a ex-namorada mora com os pais em Jaboatão.
Outros processos
A Justiça também levou em consideração que o empresário é reincidente em violência doméstica contra a mulher. O pedido ressalta que medidas cautelares anteriormente aplicadas foram "insuficientes" para conter o comportamento agressivo do empresário.
Bruno responde em processos criminais por agressão e cárcere privado, todos pela 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Recife. O UOL não conseguiu localizar a defesa do acusado. O espaço segue aberto para manifestação.
"Segundo consta dos autos, após o crime, o investigado teria ido até a casa de sua avó, trocado de roupa, e empreendido fuga da cidade, atualmente em local incerto e não sabido, não sabendo sua família declinar seu paradeiro. Tais fatos deixam entrever que o investigado não pretende se submeter de forma espontânea ao chamado da Justiça, sendo ainda imperiosa sua custódia como forma de garantir a futura e eventual aplicação da lei penal", diz a decisão.
Vítima pede justiça
A mulher de 29 anos cobrou a prisão do suspeito e disse que ele não pode "sair impune". "Eu não sou a primeira, não serei a última. Me ajudem a compartilhar e a prender ele em nome de Jesus, temo pela minha vida", escreveu.
Ela publicou uma série de fotografias que mostram ferimentos em seu corpo. "Vocês não têm ideia do quanto é difícil expor tudo isso aqui", disse.Na publicação, ela diz que renasceu e que teve forças para defender toda a família. Além dela, o homem teria esfaqueado os seus pais, de 54 e 49 anos.
"Perdoei, conversei, tentei mudar, levei para igreja, ajudei, acreditei de coração na mudança, e acima de tudo, amei. Deus sabe de todo o meu esforço, dedicação e compreensão. [...] Louvo a Deus todos os dias por ter renascido, por ter me dado uma nova chance e por ter tido forças para defender a minha família. Os anjos do senhor estavam comigo e com a minha família".
- Vítima, em relato nas redes sociais
"Ele arrombou a portaria [do prédio], subiu, arrombou o apartamento. Ele se dirigiu até o pai da sua ex-companheira e o golpeou com o cabo da arma, a faca, na cabeça e [o pai] ainda foi esfaqueado no braço; momento em que ele desacordou. E ele [o agressor] foi em direção à sua ex-companheira para atentar contra a vida dela.",
- Mayara Oliveira, advogada da vítima
De acordo com a advogada, enquanto o pai da empresária estava desacordado, a mãe tentou proteger a filha, entrando em luta corporal com ele.
"Nessa luta corporal, que durou aproximadamente quinze minutos, a mãe da vítima foi golpeada mais ou menos por doze vezes. A vítima foi golpeada também por aproximadamente dez vezes. [...] Quando o pai da vítima recobrou sua consciência, que verificou toda aquela luta corporal, ele conseguiu com a força bruta retirar o agressor de dentro do apartamento", relatou a advogada. Em seguida, o homem teria fugido, deixando a arma no local.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.